Gestação de um ser - V

COÇO-ME DE FORMA HERÉTICA, E RECORDO O EDITOR. TENHO DE TERMINAR O LIVRETO. PRECISO DE TERMINÁ-LO. PRECISO DE UM BOM FINÁL. PRECISO DE UM CAFÉ.

ARRASTO-ME ATRAVÉS DO CORREDOR E QUASE TROPEÇO NA ESCURIDÃO DA LÂMPADA FUNDIDA. JÁ ANDO PARA SUBSTITUI-LA HÁ DÉCADAS E, FICA SEMPRE PARA DEPOIS. SEMPRE PARA DEPOIS.

ENQUANTO SORVO O CAFÉ EM PEQUENAS INVESTIDAS, ALHEADO E NU, DIANTE DA JANELA, PENSO ACERCA DO FINAL DO LIVRO. SIM É O QUOTIDIANO QUE ME SUSPIRA AS “ESTÓRIAS” QUE SEXUALIZO. A PAISAGEM QUE SE ESTENDE ATRAVÉS DA ENORME JANELA DESPERTA-ME POR COMPLETO, ISSO E O CAFÉ QUENTE.

AS DIFERENÇAS SÃO ÓBVIAS; ENTRE O MEU SONHO E A MINHA REALIDADE. CONTRASTE: NEM PRADOS VERDES, NEM ANIMAIS, E O RIO QUE CORRE LÁ FORA É UM ESGOTO QUE ILUSTRA BEM DEMAIS A REALIDADE DO MOMENTO CONTÍNUO DE ONDE PREFIRO E PRETENDO A EXCLUSÃO.TUDO É GELADO E CINZENTO E COMPROMETIDO... MAS EIS QUE ALGO ME PRENDE A ATENÇÃO; A VIZINHA DO PRÉDIO EM FRENTE, QUE NO MEU SONHO É A BRUXA COM DIREITO A VÔOS DE VASSOURA E TUDO, GRITA BADALHOQUICES, ACERCA DO MEU ESTADO DE NUDEZ, QUE É POR CAUSA DO RESPEITO, DIZ, QUE É INVASÃO DE PRIVACIDADE. ESTOU EM MINHA CASA E FALAM-ME EM INVASÃO DE PRIVACIDADE. DRÁSTICO, AINDA PENSO EM AGITAR EFUSIVAMENTE ALGO ACERCA DA LIBERDADE INDIVIDUAL DE CADA UM MAS, A MEMÓRIA LÊ-ME POESIA; “TAL COMO OS MEUS DIAS RAPIDAMENTE PASSAM, SIM, ISTO É TUDO O QUE IMPLORO: VIVA OU MORTA, UMA ALMA SEM CORRENTES, E A CORAGEM DE SUPORTAR.”

É A RESPOSTA QUE SUSTENTA A SITUAÇÃO AO QUASE CONSEGUIR CONFUNDIR QUE PRIVACIDADE TERÁ SIDO VIOLADA EM PRIMEIRO LUGAR. QUEM PERDE A SUA INTIMIDADE RESTA-LHE A MORTE. E COMO A MORTE É O GRANDE NADA, NADA LHE RESTA.

QUANDO VOLTO AO QUARTO SOU RÁPIDAMENTE FESTEJADO PELO SOL QUE BRINCA ÁS SOMBRAS, NESTAS PAREDES DE CÔR TIMIDAMENTE CONFUSA.

O PENSAMENTO, ENQUANTO ME VISTO, CORRE LIVRE NAS SOMBRAS, NO SOL, NO ESPIRITO, EXPELINDO E ABSORVENDO AS INTERROGAÇÕES OCIOSAS, QUE MESMO ASSIM NÃO OUSAMOS RESPONDER; - AS SOMBRAS QUE FALAM. FIXO A MAIOR DE TODAS E, PERMITO-ME COMPREENDER A BANALIDADE DE UMA QUALQUER VOZ NA MULTIDÃO, A SUA INÉRCIA SUSTENTADA A DOSES DE ESTEREÓTIPO DOUTRINADO PELO ERGUER DE OBSTÁCULOS SUCESSIVOS, ACABANDO POR, LITERALMENTE, A VOZ PERDER O PIO, CONDICIONANDO-SE AOS MURMÚRIOS CIRCUNDANTES E AFASTANDO-SE DE TODO O POTÊNCIAL QUE LHE ADIVINHO. NESTE MOMENTO PRETENDO SER ESSA VOZ.

A SOMBRA QUE OBSERVO SUSCITA O ENTENDIMENTO E A ESCURIDÃO DO CORREDOR, COMPLEMENTO DO SOL LUMINAR, EM CONJUNTO, DÃO FORMA Á SOMBRA. E A MIM. A PREMISSA EXIGINDO CONCLUSÃO; A ESCURIDÃO NÃO EXISTE NEM SUBSISTE.

ESSAS VOZES COM O CONSTRAGIMENTO DA VONTADE ADIADA, A MULTIDÃO DE ECOS, SONHAM COM A CORAGEM QUE UM DIA HÁ-DE SER REAL E VEÊM-SE RASGANDO O ESPAÇO DE SOMBRAS E SALTANDO PARA O ESPAÇO DAS IMAGENS REAIS, DOS OBJECTOS VERDADEIROS DANDO-SE A IMPLOSÃO; NASCENDO O CRESCIMENTO. E O SONHO NÃO OS DEIXA EM PAZ ATÉ ESTA POTÊNCIA SER ACTO... OU DESISTIREM TENTANDO.