“Folheava a net quando me dei conta…
Raquel (ex) Cruz lançou um livro. Uma autobiografia. A editora que o lançou escreve uma “sinopse” sobre o livro: Transcrevo: “ Raquel conheceu Carlos no verão de… (não recordo a data). Desde esse dia a sua vida mudou: viagens fantásticas, carros potentes, presentes exclusivos, casamento de sonho na Tailândia. Raquel tinha conhecido o homem da sua vida. Um sonho para qualquer mulher”…algo assim.
Ora se repararmos, o homem da vida da Raquel, podia ser qualquer um, desde que preenchesse os requisitos acima descritos. TER. Pois a referência ao sr. Carlos, não existe para além de sabermos que se conheceram no verão…o importante é o que ele tem e pode proporcionar.
O que retirei desta sinopse é que o importante é o que a pessoa tem e não o que é. É o que chama leitores… pelo menos daquela obra literária.
Falo desta situação não pelas pessoas em questão, pois poderiam ser qualquer outras, mas pela essência do discurso, pois é um livro escrito por uma mulher, para mulheres e a sinopse, foi escrita também por uma mulher da editora, cuja função, creio eu é despertar o interesse pela leitura dos livros que está a promover…
Quem escreve a sinopse é uma profissional, com experiência e estudos de mercado etc, etc… sabe o que movimenta as multidões…
E a imagem que eu fiquei das nossas mulheres foi mesmo muito má….e não se venham desculpar, pelo amor de Deus; foi uma mulher que escreveu a sinopse, habituada a faze-lo e sabedora do “que vende”…
È triste perceber por estas palavras, directas e esclarecidas, que no conceito daquela mulher que escreve, o que chama a atenção nas suas iguais, não é o ser…é o ter.
Dá-me a ideia que até podia ser um elefante de fato, desde que suportasse “ o homem de sonho de qualquer mulher” ou seja, já nem se esconde o interesse que cada vez mais movimenta as mulheres…o poder monetário.
É obvio que tenho de pedir desculpa a muitas mulheres, por estas minhas palavras, não têm o intuito nem de magoar nem de generalizar…tem sim o intuito de constatar e o constatar fez-me “vibrar” desta maneira…
É com tristeza que absorvo em consciência o que eu não queria acreditar, mesmo esbarrando com situações destas a todo o momento. E se escrevo sobre isto, nem é tanto por todas essas situações que conhecemos e sabemos, e que a mim não me pesam, pois não me dizem respeito…mas quando o vejo escarrapachado como sinopse dum livro numa editora conceituada, em que qualquer miúda de 16/17 anos pode pegar e achar como conduta correcta, o meu intimo grita pela cegueira implantada por aqueles que até tem alguma responsabilidade social.
Claro que neste momento, algumas mulheres, questionam-se, indignadas comigo; mas e o que tem isso fez ela muito bem, etc etc…mas não é disso que eu falo, nem sequer da Sra. Raquel e do Sr Carlos…o que eu constato é o testemunho, valorização e mesmo “exaltação” de valores errados e deturpados.
Mundinho de pernas para o ar…
Perdoem-me todas as outras Mulheres.
Bem hajam.
e sendo eu própria, como dizes acima, acredito que, no mundo social em que estamos inseridos e a educação que nos é dada e absorvemos por pais, professores, médias, etc... nos faz, de facto, acreditar que o homem deve sustentar a mulher, e, ela mesma, sem se aperceber do que está fazendo, acaba por entrar numa relação, ou buscar uma relação, em que o receber é o que prevalece para se sentir amada e idolatrada. mas sabemos, perfeitamente que isso constitui uma troca, que mormente passa pela troca sexual.
ResponderEliminarno entanto muitas mulheres, e felizmente, aquando do alcançe de uma idade mais madura, e nesta nova era, acabam por cair em si e aperceber-se no vazio que estão mesmo tendo sido idolatrada (ofertada) pelo seu outro.
levando-a a buscar o significado desse vazio e por vezes, conseguindo entender que tal só se trata de um control mental da sociedade sobre a mulher, e, arrependendo-se (caíndo em si), começam o caminho de busca de si próprias que passa em se ofertarem a si mesmas e não sentirem necessidade de trocas para se sentirem realizadas.
abraço